Falha levantou suspeitas de manipulação de mercado e colocou em xeque a credibilidade do buscador mais usado no mundo.
Quem entrou no Google hoje buscando cotação da moeda americana, não encontrou o gráfico que sempre é apresentado pelo buscador | Foto: reprodução / internet |
O Governo Federal considera tomar medidas severas contra o Google após um erro grosseiro na plataforma exibir uma cotação do dólar completamente fora da realidade. Na última quarta-feira (25), em pleno feriado de Natal, o buscador indicou que a moeda norte-americana estava sendo negociada a R$ 6,36 — um valor muito superior ao registrado no último dia útil anterior, segunda-feira (23), quando fechou a R$ 6,18.
A falha ocorreu em um momento de intensa volatilidade cambial, com o Banco Central vendendo milhões de dólares para conter a especulação. A irresponsabilidade do Google gerou desconfiança de que a empresa pudesse estar facilitando a vida de especuladores ou, pior, tentando influenciar o mercado financeiro de forma deliberada.
REPERCUSSÃO E INVESTIGAÇÃO
Após a falha, a Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou ao Banco Central explicações sobre o episódio e deve formalizar um pedido de investigação contra a plataforma. No ofício, a AGU destacou o impacto negativo de uma informação tão discrepante, especialmente em um dia de mercado fechado. “Causa estranheza que, sem qualquer atualização da Ptax, informações tão imprecisas tenham sido apresentadas, criando ruído no mercado e dúvidas na sociedade”, afirmou o órgão.
Não é a primeira vez que o Google protagoniza um episódio como este. Em novembro, a ferramenta já havia divulgado uma cotação errada do dólar, marcando R$ 6,17 quando o valor real era R$ 5,67. Apesar de alegar que utiliza dados de terceiros, a recorrência de erros coloca em xeque a confiabilidade do buscador e levanta questionamentos sobre sua responsabilidade ao operar ferramentas financeiras sensíveis.
OMISSÃO E DESCASO
A empresa, até o momento, não apresentou justificativas concretas para o ocorrido, limitando-se a suspender a funcionalidade de câmbio nesta quinta-feira (26). A atitude foi vista como insuficiente, já que falhas desse tipo podem provocar desinformação, prejudicar investidores e beneficiar grupos que manipulam o mercado em busca de lucro.
Especialistas criticam duramente a postura do Google, apontando negligência e despreparo na gestão de ferramentas que lidam com dados financeiros críticos. Para o governo, o buscador precisa ser responsabilizado pela disseminação de informações enganosas, especialmente considerando sua influência massiva e o potencial de impactar diretamente a economia global.
Este novo escândalo reforça a necessidade de maior regulação e fiscalização das big techs, que parecem agir com descaso diante das consequências de seus erros. A expectativa é que medidas contundentes sejam anunciadas em breve, incluindo possíveis sanções e maior controle sobre os serviços oferecidos pela plataforma.
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