Perícia revela manipulação eletrônica em máquinas de pelúcia; Polícia investiga possível ligação com contraventores e milícias
Foto: reprodução | Policia descobriu que maquinas estão programadas para fazer os clientes perderem dinheiro. |
Máquinas de bichos de pelúcia, conhecidas como "máquinas de ursinhos", pertencentes às empresas Black Entertainment e London Adventure, estão sob suspeita de manipulação para prejudicar os jogadores. Em junho, na primeira fase da Operação Mãos Leves, uma perícia revelou que o sistema eletrônico desses equipamentos é programado para permitir a captura dos brinquedos apenas após várias tentativas fracassadas, evidenciando a falta de transparência no funcionamento das máquinas.
De acordo com o laudo pericial, as máquinas possuem um contador interno que controla a potência da garra que captura os bichos de pelúcia. Enquanto o número de jogadas programado não é atingido, a corrente elétrica gerada é insuficiente para a captura dos brinquedos, o que indica que o sucesso do jogador depende mais de sorte do que de habilidade. Em um dos equipamentos periciados, descobriu-se que em 97% das tentativas a potência era intencionalmente reduzida, e em outro, esse número chegou a 80%.
As máquinas periciadas foram apreendidas em maio pela Delegacia de Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) durante a primeira fase da operação. Nesta quarta-feira, a DRCPIM deflagrou a segunda fase da operação, que resultou na apreensão de dois cofres contendo dinheiro em três moedas diferentes (dólar, real e iene), além de pistolas, munição, celulares, tablets e notebooks em um endereço na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O material apreendido está relacionado a uma das seis pessoas investigadas.
DEFESAS DAS EMPRESAS ENVOLVIDAS
Caique Strufaldi, advogado da London Adventure, afirmou que buscará a devolução dos bens apreendidos e defendeu a legalidade da empresa, alegando que os bichos de pelúcia são adquiridos no mercado interno de forma regular e que a atividade não deve ser equiparada a jogos de azar. "As máquinas da London são lúdicas, a empresa é toda legalizada e a mercadoria, ursinhos e películas, é toda adquirida no mercado interno, legalizado, com nota fiscal", declarou.
Já o advogado Felipe Santana, representante da Black Rio, fez questão de diferenciar sua empresa da Black Entertainment, alvo da operação, afirmando que as máquinas operadas pela Black Rio são justas e equipadas com dispositivos que facilitam a captura dos brinquedos. "Afirmamos categoricamente que as máquinas operadas pela Black Rio são equipadas com dispositivos que facilitam a captura dos brindes, garantindo assim uma experiência justa para os clientes", afirmou em nota.
LIGAÇÕES COM CONTRAVENTORES E MILÍCIAS SOB INVESTIGAÇÃO
A Polícia Civil suspeita que as máquinas de pelúcia façam parte de um esquema fraudulento com possíveis ligações a contraventores do jogo do bicho e milícias. De acordo com o delegado Pedro Brasil, titular da DRCPIM, as investigações apontam para a participação de organizações criminosas nesse esquema. "Isso fez acender uma luz que nos fez desconfiar de que organizações criminosas como contravenção de jogo do bicho ou até milícias possam estar por trás disso", disse o delegado.
Os agentes da DRCPIM, com o apoio da Polícia Civil de Santa Catarina, realizaram buscas em endereços no Rio de Janeiro, Baixada Fluminense e Santa Catarina, mas até o momento ninguém foi preso. As investigações continuam com foco em crimes contra a economia popular, contra o consumidor, contra a propriedade imaterial, associação criminosa e contravenção de jogo de azar. Além disso, os investigadores estão apurando possíveis crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
PRIMEIRA FASE DA OPERAÇÃO MÃOS LEVES
Na primeira fase da Operação Mãos Leves, em maio, a polícia apreendeu 80 máquinas de pelúcia e cerca de 10 mil brinquedos, alguns falsificados, em um galpão no Jacarezinho, Zona Norte do Rio, e em shoppings da capital e São João de Meriti, Baixada Fluminense. A segunda fase da operação, embora também tenha resultado em apreensões, focou na investigação financeira do esquema, levantando novas suspeitas sobre as atividades das empresas envolvidas.
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