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| Foto: reprodução |
No início da década de 90, a Manchete começava a acumular dívidas e enfrentava sérios problemas em sua grade de programação, especialmente na parte da tarde.
A emissora estava registrando baixos índices de audiência e, por vezes, alcançava pontuações muito baixas no IBOPE.
A TV Rio havia acabado de fechar as portas, e a Manchete contratou um ex-radialista desconhecido vindo da extinta TV Rio, chamado Eduardo Miranda.
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| Eduardo Miranda |
Logo após assumir a divisão de cinema da Manchete, Eduardo conta que encontrou alguns desenhos animados de Hanna-Barbera, como Space Ghost, Tutubarão, Corrida Maluca, entre outros. Esses desenhos ajudaram a emissora a sair dos índices baixos de audiência e alcançar 4 pontos na audiência.
A Manchete já tinha em sua grade alguns animes, como "As Aventuras de Dartacão", e "Dom Drácula" e outros japoneses, que contribuíam para os seus 4 pontos no IBOPE, o que já era algo positivo.
No entanto, foi por volta de 1993/1994 que Eduardo Miranda foi convocado para uma reunião de urgência. Chegando à sala, ele se encontrou com outros dois diretores da Manchete e um representante comercial que estava oferecendo à emissora um novo produto: um anime.
Eduardo Miranda relata que, durante 15 minutos, assistiu a um trailer do desenho "Cavaleiros do Zodíaco", onde viu muita violência, sangue e cenas chocantes, e achou que não poderia colocar aquele produto no ar, pois não combinava com os desenhos que a Manchete estava exibindo naquele momento.
"Seria o mesmo que misturar limão com leite. Vai coalhar o leite. E não podemos perder o público que já nos dá 4 pontos no IBOPE", conta Eduardo.
Houve certa decepção entre os presentes na sala, e o representante comercial perguntou o que seria necessário para que Eduardo aceitasse o desenho, já que tinha números que comprovavam o sucesso do anime.
Eduardo Miranda disse que precisaria assistir a um episódio completo para ter certeza do conteúdo da saga "Cavaleiros do Zodíaco".
Duas semanas depois, havia na mesa de Eduardo Miranda 4 ou 5 episódios de "Cavaleiros do Zodíaco".
Para surpresa de Eduardo Miranda, o desenho "Cavaleiros do Zodíaco" transmitia uma mensagem de amizade e batalhas épicas com um pano de fundo praticamente universal.
Assim, o desenho foi aceito pela Rede Manchete e colocado no ar algumas semanas depois.
DUAS SEMANAS DE FRACASSO
Durante as duas primeiras semanas, "Cavaleiros do Zodíaco" não conseguiu os índices de audiência esperados pela Rede Manchete. A emissora continuava com a mesma pontuação, e Eduardo Miranda relata que recebia telefonemas de um superior, cujo nome ele não revela, perguntando: "Onde estão seus Cavaleiros?"
Para surpresa de alguns, após duas semanas, "Cavaleiros do Zodíaco" começou a subir nos índices de audiência, colocando a Rede Manchete em segundo lugar no horário nobre.
No entanto, um novo problema surgiu: a emissora tinha recebido apenas alguns episódios, que foram repetidos durante quase um mês. Somente depois desse período, a emissora recebeu o restante dos episódios.
A Manchete se apressou em chamar Eloy Decarlo para gravar a chamada dos episódios inéditos de "Cavaleiros do Zodíaco".
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| Eloy Decarlo |
Com sua voz inconfundível e histórica, Eloy Decarlo anunciava: "Nesta semana, 'Cavaleiros do Zodíaco', com episódios inéditos, na Manchete, a TV de primeira classe!"
A tão esperada semana chegou, e a Manchete exibiu os episódios inéditos de "Cavaleiros do Zodíaco". Os números do IBOPE subiram significativamente, colocando a Rede Manchete em primeiro lugar, superando a "Sessão da Tarde".
Assim, tornou-se parte da história um dos maiores sucessos da TV brasileira, que abriu as portas para muitos outros animes.
Ricardo Miranda relata que passou a percorrer os corredores da Rede Manchete, no centro do Rio, como se fosse um deus.
Posteriormente, outros animes chegaram à emissora, e "Cavaleiros do Zodíaco" se tornou um marco na TV brasileira. Em 2024, completará 30 anos desde a primeira vez que a Manchete exibiu o anime.
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