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Os moradores do Morro do Castro, Tenente Jardim, Engenhoca, Venda da Cruz, e Barreto, já notaram como os aviões tem passado baixo por cima destes bairros. Estes bairros foram escolhidos como uma rota de emergência e referencia na hora dos pousos dos aviões comerciais.
A ordem dos órgãos que controlam a aviação civil brasileira, como o CENIPA, CINDACTA, e ANAC, é que estes bairros e a rua Doutor March, sejam utilizados como uma rota de emergência em caso de desastre aéreo.
Porque essa decisão foi tomada?
Em 31 de Outubro de 1996, um avião Fokker 100, da TAM, caiu menos de 2 minutos após decolar do aeroporto de Congonhas. O avião, caiu em cima de um bairro residencial, a poucos quilômetros da cabeceira do aeroporto.
Em 17 de Julho de 2007, um avião da TAM, passou direto da pista escorregadia no aeroporto de Congonhas, e se chocou contra um prédio que ficava do outro lado da pista do aeroporto, vitimando pessoas que estavam dentro e fora da aeronave. Ao todo 199 vitimas fatais.
No mundo inteiro está provado por meio de números, e isso é incontestável que a maioria dos acidentes com aviões comerciais acontecem minutos antes do pouso, ou minutos depois da decolagem.
Os acidentes que aconteceram em São Paulo nos últimos anos acenderam um sinal de alerta sobre o perigo que comunidades em volta destes aeroportos estão passando em caso de haver um eventual pouso de emergência, e não seja possível que a aeronave chegue no aeroporto.
O que começou a ser discutido então, era o que fazer caso houvesse uma emergência deste tipo?
Em aeroportos que ficam perto de grandes centros urbanos, seria quase impossível evitar mortes, então o que tem sido pensado no caso, é diminuir o máximo possível o numero de mortes em caso de uma tragédia.
Para isso, os órgãos de controle de aviação civil decidiram que os voos que se aproximam do aeroportos devem fazer uma rota onde preferencialmente haja menos residências ou comunidades muito numerosas.
No Rio de Janeiro, as aeronaves faziam duas rotas de pouso antes de pousar nos aeroportos Santos Dumont, e aeroporto Internacional Tom Jobim.
A primeira, para aeronaves que vinha do lado sul, como São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná e outros estados próximos aos citados, era seguir em linha reta margeando por cima dos municípios da baixada Fluminense. Essa rota tem muitas residências, e já foi descartada logo de cara. Uma segunda rota para aeronaves que vinha de norte e nordeste do Brasil, seria passar por cima da reserva florestal da Guanabara, que fica perto dos bairros do Salgueiro, em São Gonçalo, e Palmeiras, também em São Gonçalo. Essa rota tinha poucas residências, e aparentemente pouparia muitas vidas em caso de um desastre, certo? Errado!!!!
Foi notado que se os pilotos escolhessem o mangue para o pouso de emergência, ainda que houvesse sobreviventes, eles dificilmente conseguiriam sair do mangue, e as equipes de resgate também teriam o máximo de dificuldade de chegar as vitimas e a aeronave, e que pessoas da equipe de resgate poderiam morrer no mangue até no momento do resgate.
Nesta reserva, a lama muitas vezes chega na altura da cintura de uma pessoa, e o numero de jacarés dentro deste mangue é muito alto.
Porém, avaliou -se que a estrada Bento Pestana na Cova da Onça que se liga a rua Doutor March, seguia até o Barreto, e servia de guia aos pilotos até na direção da ponte Rio - Niterói, que serve como referencia visual para os pilotos que irão pousar no Santos Dumont. Além disso, verificou -se que a estrada Bento Pestana tinha pouco movimento de veículos, e que mesmo a Doutor March, tinha um fluxo maior de veículos, mas que estava dentro de uma quantidade aceitável em caso de emergência. Outro ponto fundamental nesta rota e muito importante para a escolha era que essas duas vias, estavam com poucas residências, e havia morros livres de casas e com pouca movimentação.
Então, a escolha foi feita e os bairros de Tenente Jardim, Morro do Castro, Engenhoca, Venda da cruz, e Barreto automaticamente entraram nesta rota de pouso, e emergência.
Uma ponto gravíssimo porém foi ignorado nesta escolha.
No dia 5 de Novembro de 2021, o avião que levava a cantora Marilia Mendonça se preparava para pousar em um aeroporto de pequeno porte que fica na cidade de Caratinga, em Minas Gerais. Informações preliminares dizem que o avião se chocou com cabos de torres de alta tensão que tem a poucos quilômetros antes de chegar ao aeroporto.
Os técnicos do CENIPA estão estudando as causas do acidente, e por que o choque aconteceu. Algumas perguntas precisam ser respondidas, como por exemplo, porque o piloto estava naquela altitude? Ele desconhecia a existência das torres de emergia na região?
Ora, quem mora em Tenente Jardim, sabe que no bairro tem torres de alta tensão em uma altura considerável, e que estão exatamente na mesma posição da rota de pouso que estão fazendo nestes bairros.
Bom, as informações que temos são suficientes para afirmarmos que em caso de tragédia, todos destas localidades já sabem os porquês, e os motivos.
Moradores do Morro dos Marítimos, chegaram a usar as redes sociais se manifestando a respeito da rota dos aviões, dizendo que nunca viram eles passar tão baixo.
A rota de pouso e emergência começou a ser usada pouco antes do inicio da pandemia.
E nós da SpingRV, informamos a quem interessar.
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