HISTORIAS DO TENENTE JARDIM QUE O TEMPO NÃO PODE LEVAR
Foto: Samuel Nascimento |
O bairro de Tenente Jardim que outrora era uma fazenda, tinha a sede onde depois se tornaria um colégio interno chamando Monsenhor Uchôa. O monsenhor, Uchôa, tio do advogado conhecido como Dr. Paulo, morou no local, onde hoje encontra -se o residencial Uchôa.
O Tenente Jardim, que deu nome ao bairro, era casado com Celina Jardim, uma francesa. Hoje, existe uma travessa no bairro que leva o nome de Celina Jardim, esposa do Tenente Jardim. No sino da igreja católica também está o nome de Celina Jardim gravado, devido a uma quantia em dinheiro que ela teria doado para a construção da igreja de João Batista no bairro.
Atrás do residencial Uchôa, havia imagens de Nossa Senhora do Carmo, que não foram incluídas no projeto do residencial Uchoa, e foram abandonadas pelos engenheiros que não levaram em conta a importância histórica das imagens para o bairro, e acabaram sendo deixadas no meio do mato e esquecidas.
O comércio em Tenente Jardim iniciou -se por meio de quitandas, e a rua Doutor March, era usada para escoar produtos que eram produzidos no próprio bairro na antiga fazenda.
O senhor Manoel, esposo da senhora Augusta, eram famosos comerciantes do bairro, e tinham uma quitanda no bairro que pode ser considerada entre uma das primeiras do bairro. Após falecidos, a dona Deolinda portuguesa assumiu o comércio de seus pais com o seu esposo, o senhor André.
Após o falecimento dos mesmos, a terceira geração da família levou a frente, o comércio, existente até os dias atuais.
Outros comerciantes foram muito conhecidos, como o senhor Altair Da Costa Leite, que era um ótimo comerciante, e abandonou a profissão depois de converter -se ao evangelho. Deixou o comércio com os filhos que não quiseram levar a frente.
O senhor Zeca, por muitos anos também esteve a frente do comércio em Tenente Jardim com um bar no na localidade conhecida como rodo de Tenente Jardim. No início da década de 80, ele não gostava que as crianças entrassem no seu bar.
No rodo de Tenente Jardim, a padaria pertencia ao senhor Álvaro, no final da década de 70, que resolveu ir embora no início da década de 90. Assumiu assim a administração da padaria do rodo, o senhor Malhado. A padaria, tornou -se um ponto de referência no local.
Após o falecimento do senhor Malhado, a senhora Vania, filha do Malhado, assumiu a administração, e permanece na profissão até hoje.
O comerciante conhecido como Totonho, além de ser um bom comerciante, fazia uma grande distribuição de doces sempre ao final da tarde nos dias 27 de setembro de cada ano.
Na entrada da Av. Beatriz, durante muitos anos o comerciante conhecido como João da Barraca, comercializou frutas e legumes. Vencido pela velhice e após ficar doente, teve que abandonar a profissão.
A localidade conhecida como Rodo de Tenente Jardim ganhou este nome porque o ônibus tinha ali o seu ponto final.
Não havia acesso para que o ônibus chegasse ao (Parque Bela Vista), que hoje é conhecido como Morro do Castro.
O local onde o Rio Bomba corta à rua Doutor March na altura do rodo, tinha apenas uma ponte de madeira. Depois que foi criada a ponte de concreto em cima do Rio, o senhor Hélio, dono da Expresso Tenente Jardim, mandou que a pista até o Morro do Castro fosse aberta.
Uma grande mangueira que ficava na subida do Morro do Castro, foi derrubada para que a maquina pudesse abrir a pista.
No fim de tarde, um homem vinha com restos de feira, e gritava: "Olha a xepa!!!" e deixava embaixo da mangueira frutas e legumes para quem quisesse levar para casa.
Na época, a empresa tinha apenas dois ônibus, e a garagem era no rodo de Tenente Jardim, em um terreno que hoje é do estado.
Ao lado da garagem da Expresso Tenente Jardim, na década de 70 havia o clube Esperança, que depois acabou, e se tornou a Oficina do Amorim, que se aposentou nos anos 2000, mas era um excelente lanterneiro.
A localidade conhecida hoje como campo da gruta, era um curral de bois, e o campo não existia. No local também existia uma area alagada onde os jovens se dirigiam a noite para caçar rãs.
Depois, um morador da gruta de nome Geraldo, começou a montar balizes de bambu para jogar futebol no fim da tarde com seus sobrinhos. Nascia assim o Campo da Gruta, por volta de 1990.
No local onde hoje se encontra o CIEP 425, ficava um grande campo de futebol. Neste mesmo campo de futebol, eram realizados gigantescos festivais de balões que eram verdadeiras obras de arte.
Muitos balões que subiram deste campo, viraram imagem em álbuns de figurinhas da Editora Abril. Um antigo morador de Tenente Jardim, conhecido como Betinho, possui até os dias de hoje, registros destes monumentais festivais de balões que eram com toda certeza os maiores do estado do Rio de Janeiro.
Ali mesmo no local onde encontra -se o ciep 425, havia um pé de Tamarindo, ou a famosa Tamarineira, onde era ponto de encontro de muitos jovens, para conversar, jogar bola de gude, e se pendurar nos galhos da belíssima árvore que ficava atrás da antiga associação de moradores.
O ciep de Tenente Jardim, nasceu de um acordo dos moradores de Tenente Jardim com o então governador Leonel de Moura Brizola, que disse que daria título de pose aos moradores do lado de São Gonçalo, desde que eles deixassem um espaço para construção de um CIEP. Os moradores que compunham a Associação de Moradores da Época cumpriram com a palavra e o espaço foi usado para o CIEP.
O assunto das poses de terras em Tenente Jardim, ganhou proporção, pois um antigo empregado da fazenda, conhecido como José Votto Filho, queria se apossar das terras e expulsar moradores do local. Acabou que ele que foi expulso pelos moradores tomando uma carreira.
A AMATJIM, a associação de moradores do bairro, foi criada exatamente para legalizar a pose dos moradores do bairro. Membros da Associação foram para um programa na TVS, conhecido como "O Povo na TV", reivindicar a pose das terras.
A associação de moradores de Tenente Jardim, teve importantes membros, como o senhor Julinho, a senhora Neca, João Aberto, o senhor Orlando, Manoel Sebastião, Elizabeth Amarante, a senhora Senhorinha, foram pessoas que passaram pela associação de forma muito expressiva.
A associação de moradores do Tenente Jardim, durante muitos anos tinha uma tradição conhecida como 'A mãe do Ano'. Quando era escolhida uma mãe bem idosa do bairro para ser homenageada. Uma menina que tivesse sido mãe recentemente, também recebia homenagem na festa de dia das mães. A tradição se perdeu, pois por entraves burocráticos a associação ficou fechada por muito tempo, e quem assumiu a diretoria depois, não quis continuar com a tradição, ou desconhecia a existência da mesma.
A igreja Batista de Tenente Jardim, começou dentro da associação de moradores de Tenente Jardim, com o pastor Décio, que na época ainda não era ministro do evangelho.
Este lutou para que o bairro tivesse uma igreja Batista, e conseguiu.
A primeira igreja evangélica em Tenente Jardim, teria nascido na travessa Eduardo Uchôa, na casa da senhora Olinda, mãe do falecido evangelista, Luiz Roberto do Amaral Pereira, (Bebeto). Depois a igreja teria se tornado uma congregação da Assembleia de Deus, e se transferiu para o número 754, da rua Doutor March, no mesmo bairro, onde encontra -se até o dia de hoje.
No sopé da pedra conhecida como Morro da Maminha, havia um morador conhecido como Bernardo. Em volta de sua residência havia muitos pés de árvores frutíferas, e por isso muitos jovens se dirigiam até o local para pegar manga ou jaca. Mas havia um temor da molecada na época, pois espalhou -se pelo bairro o boato de que o senhor Bernardo, era lobisomem. A molecada que ia até o Morro da Maminha, pegar jaca, estava sempre apreensivo de que um lobisomem surgisse do nada. Pura fantasia!
O bairro de Tenente Jardim foi crescendo lentamente. A rede de água só chegou a todos os moradores de Tenente Jardim em 1992. Antes disso, moradores tinham que recorrer a poços que havia no bairro.
O bairro de Tenente Jardim, já teve um tradicional bloco, chamado Cacique de Tenente Jardim, que se extinguiu no início dos anos 90.
Atualmente o bairro segue com progresso em seu comércio. Hoje, Tenente Jardim, possuí loja de roupas, pizzaria, sex shopping, barbearias modernas, drogaria, três pontos de moto taxis, peixaria, e até loja de utilidades.
E você, lembra de alguma história de seu bairro?
Escolas:
Escola Estadual Alberto Silva (Extinta)
Escola Municipal Monsenhor Uchôa (Extinta)
Ciep Marluce Salles de Almeida (Fora de Operação)
Colégio Municipal Tiradentes
Centro Educacional Nova Geração
Escolas Tias Lemar (Extinta)
Colégio XV de novembro (Extinto)
Clubes de Futebol:
Bangarel
Clube Esperança (Extinto)
Clube Bangu (Fora de Operação)
Esporte Clube Independente
Blocos ou Escolas de Samba:
Cacique de Tenente Jardim (Extinto)
Unidos do Castro (Representa as duas Comunidades atualmente)
Aguardando novas atualizações ...
Texto e pesquisa: Jornalista, William C. Simas.
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Comentários
Adorei tudo isso,voltei no tempo❤
nesta pagina já acrescenta e muito como parte da historia do bairro. Obrigado!
Esqueceu da Fabrica de Linguiça que nos anos 70, 80 movimentava muito o comércio local. O Depósito de Banana Ambos os comércios eram tão famosos que assumiam o como Nome das ruas em que eram estabelecidos. A pesquisa focou principalmente no Rodo e esqueceu muito o Pegue Pague Rodrigues o Super Mercado Santo Antônio, Mundo dos Calçados, comércios importantíssimos nas décadas 70, 80. E o principal.... que infelizmente Tenete Jardim é atualmente um Comunidade que não inspira segurança nenhuma.
Pessoas essas tão importantes que não podem ficar de fora, pois ajudaram a construir a nossa história.
OBS: Gostaria de solicitar a inclusão dessas grandes personalidades do nosso bairro.
Desde já muito obrigada
Festival de balões, festa junina ,o balanço que ficava em uma mangueira centenária que hoje e o CIEP ,esse balanço atravessava a rua e víamos a escola Uchôa por cima do muro.
Saudade da escola Uchôa onde tinhamos medo de ir ao banheiro por causa da estória da loira do banheiro, e
tc....