Motoristas com o pé embaixo, e com as camisas abertas trepidando ao vento, e mulheres sentadas no capô tirando a atenção do motorista, eram apenas algumas das constantes e curiosas situações que tornaram a linha 549, a mais perigosa do Brasil.
Só quem mora em São Gonçalo e em Niterói e já tem mais de 30 anos de idade deve lembrar com clareza de uma das mais lendárias linhas de ônibus do Brasil. Não era um trajeto cheio de lama ou uma pista esburacada que fez a linha 549 ganhar notoriedade nas cidades de Niterói e São Gonçalo, mas sim a velocidade com que os motoristas desempenhavam o papel de condutores na rodovia Amaral Peixoto, onde até hoje existem curvas de alta periculosidade para motoristas desavisados. A linha de ônibus possuía poucos carros, por isso conta-se que os despachantes pediam aos motoristas que o trajeto fosse feito em alta velocidade. Quando a linha de ônibus recebeu a concessão, não havia mureta de divisão das pistas na rodovia Amaral Peixoto. Isso fez com que, nas décadas de 70 e 80, ocorressem tragédias de trânsito causando dezenas de vítimas fatais, muitas delas passageiros e motoristas da linha 549.
Naquela época, muitos desempregados ficavam na porta das empresas de ônibus querendo uma oportunidade para dirigir um ônibus ou, pelo menos, ser cobrador. Não havia muito controle das empresas sobre quem poderia guiar. Então, em várias empresas, quando um motorista ou um cobrador faltava, um funcionário se dirigia até o portão e pedia a um candidato a motorista ou cobrador que assumisse o lugar do motorista ou do cobrador que faltou. Há relatos de motoristas que dirigiram ônibus sem carteira de habilitação, e isso ocorreu em várias empresas de ônibus do Rio de Janeiro naquela época.
Quem não se lembra de motoristas com a camisa aberta, calças com a bainha enrolada até o joelho e até mulheres que gostavam de viajar sentadas no capô conversando com os motoristas? As camisas dos motoristas muitas vezes tremulavam como bandeiras ao vento. Sem exageros!
O momento de maior emoção da viagem para quem pegava o ônibus 549 com destino ao centro de Niterói era na descida da Caixa D'água, chegando ao bairro do Fonseca. Ali, além do ônibus enfrentar uma grande ladeira, existe a curva da morte, que ainda fica na beirada de um barranco gigantesco.
Tinha uma coisa com a qual os passageiros não precisavam se preocupar. Se você conseguisse pegar o ônibus na hora certa e não houvesse trânsito, era bem capaz de você chegar ao trabalho adiantado, porque em condições normais, nunca chegaria atrasado. Bom, aqui entre nós... havia um grande risco de você chegar à cidade dos pés juntos, mas quem viveu essa época viajando nesta linha todos os dias é um vitorioso. E então, você chegou a andar nesta linha? Você também é uma lenda?
"FIM DA HISTÓRIA PARA A VIAÇÃO SANTA IZABEL
Após a morte do dono da empresa Santa Izabel, que se tornou tão famosa a ponto de dar nome ao bairro, os filhos do proprietário entraram em uma guerra pela herança deixada pelo pai. Conta-se que não houve mais investimentos na empresa, que começou a ser sucateada pela própria família. Não demorou muito para uma crise financeira se instaurar na empresa. Além das disputas familiares, a empresa teve que lidar com a concorrência das vans que circulavam nos bairros de Santa Izabel, Sacramento e arredores. Sem dinheiro, a frota de ônibus, que já era pequena, foi reduzida ainda mais e os ônibus passaram a demorar muito. Os moradores de Santa Izabel, Sacramento e Pacheco revoltaram-se e começaram a depredar os poucos veículos em circulação. Na garagem, muitos veículos não podiam sair por falta de combustível.
Devido à grave crise financeira e à incapacidade de reagir, a situação da Viação Santa Izabel chegou ao conhecimento das autoridades. A prefeitura de São Gonçalo tomou conhecimento da situação e a prefeita Aparecida Panisset revogou a concessão da Viação Santa Izabel, que logo em seguida teve sua falência decretada. Foi o fim da lendária linha de ônibus que transformava cada viagem em uma verdadeira aventura pela rodovia Amaral Peixoto. Aqueles que viajaram nessa linha certamente nunca esquecerão. Mesmo com a falência, a empresa e, em particular, a linha 549, tornaram-se uma verdadeira lenda e são imortais na memória dos niteroienses e gonçalenses. Foi nessa época que a linha recebeu o apelido de "Diabo Verde".
CURIOSIDADES SOBRE OS ÔNIBUS DA SANTA IZABEL: Além da linha 549, a empresa operava outras linhas para comunidades próximas à Santa Izabel. O interessante é que os bairros onde a empresa circulava tinham nomes bastante curiosos, como, por exemplo, uma linha que ia para a comunidade "Cala Boca", outra linha que circulava na "Quinta do Ricardo" e ainda a comunidade da "Meia Noite", onde a empresa era detentora dessas linhas."
MORTE NA DESCIDA DA CAIXA DÁGUA
Chegando no bairro do Fonseca, os motoristas tinham que descer uma das ladeiras mais perigosas de Niterói. Com uma curva acentuada a beira de um gigantesco barranco, muitas vezes após fazer a curva, os motoristas notavam que o freio havia sumido.
Era comum desastres de ônibus nas décadas de 70 e 80 que matou dezenas de pessoas naquela época. Grande parte destas vitimas eram motoristas, cobradores e passageiros da Viação Santa Izabel.
Naquela época, não havia facilidade de comunicação com internet, e até para usar o telefone era complicado. Então somente pessoas que viveram aquela época lembram e presenciaram os desastres causados pela descida da Caixa D'água, no Fonseca.
Somente em 2023, foram registrados nos primeiros 6 meses, mais de 10 acidentes na descida da Caixa D'água.
Só quem mora em São Gonçalo e em Niterói e já tem mais de 30 anos de idade deve lembrar com clareza de uma das mais lendárias linhas de ônibus do Brasil. Não era um trajeto cheio de lama ou uma pista esburacada que fez a linha 549 ganhar notoriedade nas cidades de Niterói e São Gonçalo, mas sim a velocidade com que os motoristas desempenhavam o papel de condutores na rodovia Amaral Peixoto, onde até hoje existem curvas de alta periculosidade para motoristas desavisados. A linha de ônibus possuía poucos carros, por isso conta-se que os despachantes pediam aos motoristas que o trajeto fosse feito em alta velocidade. Quando a linha de ônibus recebeu a concessão, não havia mureta de divisão das pistas na rodovia Amaral Peixoto. Isso fez com que, nas décadas de 70 e 80, ocorressem tragédias de trânsito causando dezenas de vítimas fatais, muitas delas passageiros e motoristas da linha 549.
Naquela época, muitos desempregados ficavam na porta das empresas de ônibus querendo uma oportunidade para dirigir um ônibus ou, pelo menos, ser cobrador. Não havia muito controle das empresas sobre quem poderia guiar. Então, em várias empresas, quando um motorista ou um cobrador faltava, um funcionário se dirigia até o portão e pedia a um candidato a motorista ou cobrador que assumisse o lugar do motorista ou do cobrador que faltou. Há relatos de motoristas que dirigiram ônibus sem carteira de habilitação, e isso ocorreu em várias empresas de ônibus do Rio de Janeiro naquela época.
Quem não se lembra de motoristas com a camisa aberta, calças com a bainha enrolada até o joelho e até mulheres que gostavam de viajar sentadas no capô conversando com os motoristas? As camisas dos motoristas muitas vezes tremulavam como bandeiras ao vento. Sem exageros!
O momento de maior emoção da viagem para quem pegava o ônibus 549 com destino ao centro de Niterói era na descida da Caixa D'água, chegando ao bairro do Fonseca. Ali, além do ônibus enfrentar uma grande ladeira, existe a curva da morte, que ainda fica na beirada de um barranco gigantesco.
Tinha uma coisa com a qual os passageiros não precisavam se preocupar. Se você conseguisse pegar o ônibus na hora certa e não houvesse trânsito, era bem capaz de você chegar ao trabalho adiantado, porque em condições normais, nunca chegaria atrasado. Bom, aqui entre nós... havia um grande risco de você chegar à cidade dos pés juntos, mas quem viveu essa época viajando nesta linha todos os dias é um vitorioso. E então, você chegou a andar nesta linha? Você também é uma lenda?
Créditos na foto |
"FIM DA HISTÓRIA PARA A VIAÇÃO SANTA IZABEL
Após a morte do dono da empresa Santa Izabel, que se tornou tão famosa a ponto de dar nome ao bairro, os filhos do proprietário entraram em uma guerra pela herança deixada pelo pai. Conta-se que não houve mais investimentos na empresa, que começou a ser sucateada pela própria família. Não demorou muito para uma crise financeira se instaurar na empresa. Além das disputas familiares, a empresa teve que lidar com a concorrência das vans que circulavam nos bairros de Santa Izabel, Sacramento e arredores. Sem dinheiro, a frota de ônibus, que já era pequena, foi reduzida ainda mais e os ônibus passaram a demorar muito. Os moradores de Santa Izabel, Sacramento e Pacheco revoltaram-se e começaram a depredar os poucos veículos em circulação. Na garagem, muitos veículos não podiam sair por falta de combustível.
Devido à grave crise financeira e à incapacidade de reagir, a situação da Viação Santa Izabel chegou ao conhecimento das autoridades. A prefeitura de São Gonçalo tomou conhecimento da situação e a prefeita Aparecida Panisset revogou a concessão da Viação Santa Izabel, que logo em seguida teve sua falência decretada. Foi o fim da lendária linha de ônibus que transformava cada viagem em uma verdadeira aventura pela rodovia Amaral Peixoto. Aqueles que viajaram nessa linha certamente nunca esquecerão. Mesmo com a falência, a empresa e, em particular, a linha 549, tornaram-se uma verdadeira lenda e são imortais na memória dos niteroienses e gonçalenses. Foi nessa época que a linha recebeu o apelido de "Diabo Verde".
CURIOSIDADES SOBRE OS ÔNIBUS DA SANTA IZABEL: Além da linha 549, a empresa operava outras linhas para comunidades próximas à Santa Izabel. O interessante é que os bairros onde a empresa circulava tinham nomes bastante curiosos, como, por exemplo, uma linha que ia para a comunidade "Cala Boca", outra linha que circulava na "Quinta do Ricardo" e ainda a comunidade da "Meia Noite", onde a empresa era detentora dessas linhas."
MORTE NA DESCIDA DA CAIXA DÁGUA
Chegando no bairro do Fonseca, os motoristas tinham que descer uma das ladeiras mais perigosas de Niterói. Com uma curva acentuada a beira de um gigantesco barranco, muitas vezes após fazer a curva, os motoristas notavam que o freio havia sumido.
Era comum desastres de ônibus nas décadas de 70 e 80 que matou dezenas de pessoas naquela época. Grande parte destas vitimas eram motoristas, cobradores e passageiros da Viação Santa Izabel.
Naquela época, não havia facilidade de comunicação com internet, e até para usar o telefone era complicado. Então somente pessoas que viveram aquela época lembram e presenciaram os desastres causados pela descida da Caixa D'água, no Fonseca.
Somente em 2023, foram registrados nos primeiros 6 meses, mais de 10 acidentes na descida da Caixa D'água.
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